terça-feira, 17 de setembro de 2013

Desenvolvimento sustentável - Material de apoio 8º ano EF


Introdução a como funciona o desenvolvimento sustentável







Virou moda. O termo desenvolvimento sustentável está em tudo que é lugar. Nos relatórios das empresas, no discurso dos ambientalistas, nas teses científicas. É o novo paradigma para uma infinidade de discussões econômicas, políticas, ambientalistas e sociológicas. Mas afinal, o que é isso?
Uma das definições mais usadas para desenvolvimento sustentável éo desenvolvimento capaz de suprir as necessidades atuais da população, sem comprometer a capacidade de atender as necessidades das futuras gerações. Ou seja, a idéia é crescer sem destruir o ambiente e esgotar os recursos naturais.
Essa definição, no entanto, é considerada limitada por alguns cientistas já que não aborda outros aspectos como o político e o social. Para entender melhor o que é desenvolvimento sustentável é necessário conhecer um pouco da história de como foi entendido o desenvolvimento anteriormente, como surgiu o termo, as formas como ele pode ser medido e as teorias que ajudaram a criar a expressão. Vamos lá.

Nascido da consciência ambiental

Desde meados do século 19, a palavra progresso veio a resumir a forma de pensar e agir economicamente na sociedade contemporânea. Era o início da Revolução Industrial. O pensamento positivista, cujo o principal mentor foi o sociólogo Augusto Comte, perpassa por essa postura. O progresso foi considerado a principal forma de desenvolvimento, regendo o mundo capitalista e também moldando parte das políticas dos países que adotaram o socialismo real. Na prática, significou criar fábricas e mais fábricas, incentivar o consumo, construir infra-estrutura para tal e descobrir as formas eficientes de explorar matéria-prima, retirando-a de todas as formas. Esses pressupostos foram adotados com voracidade pelas mais diversas sociedades. O resultado disso foi um impacto ambiental negativo nunca antes visto na Terra. Os problemas decorrentes são materializados por questões como o aquecimento global, efeito estufa, chuva ácida, poluição do solo e dos rios, inversão térmica, extinção de animais, entre outros.

Desenvolvimento, então, era associado ao progresso a qualquer custo. A mudança de paradigma começou a ser formulada com a constatação pelos cientistas dos problemas e o início das discussões de alternativas que surgiram na baila do movimento pacifista, embrião do movimento ecologista, dos anos 60 tanto nos Estados Unidos quanto na Europa.

Oficialmente, essa nova visão apareceu, pela primeira vez, na Primeira Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, em Estocolmo, Suécia, em 1972. O termo fazia parte do arcabouço teórico desenvolvimento pelo economista polonês, naturalizado francês, Ignacy Sachs.

Em 1987, a Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento das Nações Unidas adotou o conceito no famoso relatório Brundtland, que discutia o futuro comum dos habitantes da Terra. Durante a Eco-92, Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, ocorrida no Rio de Janeiro (Brasil), o conceito tornou-se princípio fundamental e parâmetro para a Agenda 21, uma série de metas, aprovadas pelos mais de 160 países participantes. Em 2002, Cúpula Mundial sobre Desenvolvimento Sustentável, chamada também de Rio+10, ocorrida em Johanesburgo (África de Sul), ampliou ainda mais a discussão em cima do que seria o tripé da sustentabilidade ou triple bottom line. Esse sim, uma maneira mais sistemática de discutir o desenvolvimento sustentável, mesmo que ainda embrionário em vários aspectos. Entenda melhor o conceito.



Como medir o desenvolvimento sustentável

Os modelos tradicionais de medição econômica não conseguem abranger os aspectos do desenvolvimento sustentável. O exemplo mais claro é o Produto Interno Bruto (PIB), que mede a receita total de uma determinada região. Como leva em conta apenas os aspectos monetários, o PIB não consegue abranger outros aspectos como a divisão igualitária dessa riqueza na sociedade e os impactos negativos no meio ambiente.
Assim, ao longo dos últimos anos, começaram a surgir alguns métodos para tentar medir a sustentabilidade. O Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), medido pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud), não é exatamente um índice de sustentabilidade, mas ajudou dimensionar esses novos métodos. Um dos exemplos de novo método é o Indicador de Progresso Genuíno (GPI) que baseado no cálculo do PIB agrega outros dados que podem influenciar para cima ou para baixo o valor. O GPI é calculado pelas organizações não-governamentais Redefining Progress, baseado em metodologia do Friends of the Earth. Nele, são medidos dados como:




Distribuição da receita – mede o quanto do PIB vai para as classes menos favorecidas.

Trabalho doméstico e voluntário – como o que a dona-de-casa faz não rende dinheiro, seu trabalho não entra nas estatísticas tradicionais. Aqui, ele conta. Assim como o trabalho voluntário.

Nível educacional – Quanto maior o nível educacional da população, maior o índice GPI.

Custo do crime – A violência contra o homem, a natureza e a propriedade privada é um grande desperdício de recursos de uma sociedade. Por isso, esse custo deve ser subtraído.

Exaustão de recursos – Ligado diretamente à questão ambiental, contabiliza as perdas de recursos naturais ocorridas em casos como o do desmatamento ou a exploração de uma jazida mineral.

Poluição – Fumaça nas cidades, rios cheios de poluentes, barulho. Tudo isso gera custo, que vai impactar negativamente o índice.

Degradação ambiental a longo prazo – Mudanças climáticas, lixo nuclear, buraco na camada de ozônio. Os custos desses problemas contemporâneos são contabilizados.

Diminuição do tempo de lazer – Nas cidades grandes, o tempo para descansar e se divertir é cada vez mais escasso, ou seja, é importante saber o quanto a falta desse tempo de ócio pode custar para a vida das pessoas e do país.

Gastos defensivos – Esse item mede os custos de se defender contra vários problemas de ordem ambiental e/ou social, seja a erosão ou um acidente de carro.

Tempo de vida útil dos bens de consumo e da infra-estrutura pública– Os índices tradicionais medem o investimento em infra-estrutura e os gastos com consumo, mas não estimam o desgaste e a manutenção desses produtos. O GPI, sim.

Dependência de ativos externos – Nos cálculos tradicionais, como no PIB, a maioria dos empréstimos internacionais são considerados positivos. Já no GPI, quando o empréstimo é para investimentos, ele pode ser considerado positivo. Se o empréstimo é para o consumo, torna-se negativo.

A organização não-governamental Friends of the Earth (Amigos da Terra) criou um índice semelhante ao GPI, o IESW (Index of Sustainable Economic Welfare ou Índice de Sustentabilidade Econômica e de Bem-Estar Social). Os mesmos itens do índice anterior são destrinchados em outros subitens para que o cálculo possa ser feito, com resultados semelhantes.


Essas medidas são feitas principalmente para países ou determinadas regiões geográficas. Mas as empresas também têm tentado trabalhar o conceito. Bolsas de valores no mundo têm criado fundos e índices que levam em conta o triple bottom line. É o caso do Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE) da Bolsa de Valores de São Paulo, Bovespa. No balanço sustentável de muitas empresas atualmente, são incluídos também dados não ligados diretamente ao negócio da empresa como, por exemplo, uma empresa petrolífera compra créditos de carbono para tentar mitigar o impacto da sua produção. Outras empresas adotam os selos de responsabilidade social corporativa para atestar seu caráter.



Alguns dos critérios adotados por esses novos índices de sustentabilidade do mercado são:

Dimensão da natureza do produto – empresas que têm produtos que causam dependência física ou ameaçam a integridade do consumidor não podem participar.

Governança corporativa – empresas que adotam o modelo de governança que basicamente amplia a transparência dos dados divulgados pela empresa.

Plano de contigência – as empresas devem estar preparadas para ocasionais problemas que cessem sua produção.

Dimensão ambiental – além de atender as exigências da legislação ambiental, é importante que as empresas pensem e procurem melhorias que ajudam a amenizar os impactos das suas ações.

Dimensão social – Além de atender às exigências da legislação trabalhista, as empresas devem incluir políticas de inclusão da diversidade social (como negros ou portadores de necessidades especiais), além de ter uma política para tentar inibir a corrupção.

Enfim, a sociedade contemporânea tem tentado medir a sustentabilidade para poder dimensionar melhor o problema e poder criar planos alternativos para as atuais e futuras gerações. A questão implica, no entanto, numa internacionalização dessas normatizações e a confiabilidade de dados, o que só poderia acontecer se todos adotassem as mesmas regras. De qualquer modo, esses modelos podem ajudar a discutir problemas do conceito de desenvolvimento sustentável, que recebe várias críticas.

2 comentários:

  1. Ae 15zinho, ótimo artigo, bem didático. Parabéns pela iniciativa!

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    1. Valeu menino Maia, vamos fazer essa juventude estudar e crescer com uma consciência ecológica e sustentáve

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