terça-feira, 5 de novembro de 2013

Brasil Antes de Cabral


Até pouco tempo, era comum associar a ideia do nascimento histórico do Brasil à chegada de Cabral, em 1500, e esquecer que a Pré-História não é exclusiva da trajetória europeia. Mas o “homem das cavernas" também existiu no território nacional. Estudos arqueológicos têm encontrado vestígios de grupos humanos que habitaram a região há pelo menos 15 mil anos.

Pouco se sabe sobre a história desses grupos. Alguns estudos indicam que os indígenas brasileiros podem ter herdado os olhos levemente puxados de ancestrais asiáticos, que teriam vindo ao longo de milhares de anos.

Na década de 1970, uma descoberta trouxe novos elementos a essa discussão: num sítio arqueológico perto de Belo Horizonte foi achado o crânio de uma mulher, chamada pelos estudiosos de Luzia, que teria vivido há cerca de 11 mil anos. Uma simulação feita sobre esse fóssil mostrou uma mulher com traços diferentes da população indígena tipicamente brasileira, o que pode indicar antepassados de origem africana ou australiana, além da asiática.

Sítios arqueológicos brasileiros

Os primeiros habitantes das terras que viriam a se chamar Brasil não desenvolveram nenhuma forma de
escrita, mas deixaram numerosos vestígios, como pinturas rupestres, fósseis de animais pré-históricos e utensílios variados, descobertos em locais considerados importantes sítios arqueológicos. Os principais, até o momento, são:

• Sambaquis (em tupi, “amontoado de conchas”). Essas construções revelam antigos cemitérios comunais, pois já foram encontrados sepultamentos de milhares de pessoas nesses locais.

A quantidade de sepultamentos ajuda a comprovar, por exemplo, se as populações de determinado local eram sedentárias. Muitos sambaquis ainda contêm restos de fogueiras, além de uma rica fauna pré-histórica.

Esses “depósitos” localizam-se principalmente em regiões lagunares, como o sambaqui brasileiro de Garopaba do Sul, em Jaguaruna (SC), considerado o maior do mundo.

• Sítios cerâmicos, líticos e arte rupestre. A cultura marajoara é o exemplo mais conhecido de povos ceramistas que viviam na Ilha de Marajó, na foz do rio Amazonas. Objetos feitos de pedra também foram encontrados na região paulista do Vale do Ribeira, constituindo um importante sítio lítico.

A pintura rupestre pode ser vista em todo o país, sendo famosas as do Parque Nacional da Serra da Capivara, no Piauí, e as da Toca da Esperança, na Bahia.

Cotidiano das populações brasileiras antes da chegada de Cabral:



Vida em aldeia (1); indo caçar (2); mulheres cuidando das crianças e da alimentação (3) e mata sendo derrubada para o plantio (4), no sistema conhecido como “agricultura de coivara”.


Por: Paulo Magno da Costa Torres

Pré-História da América


Pode-se afirmar que o conjunto do continente americano estava em plena pré-história (com diferentes graus de evolução cultural) quando se iniciou a conquista européia, uma vez que, afora os maias e os astecas, nenhum outro povo ameríndio tinha então elaborado uma história escrita. Mas os especialistas fazem distinção entre as fases pré-históricas propriamente ditas (paleolítico e começo do neolítico) e o desenvolvimento de culturas com formas políticas e artísticas avançadas.

Em muitos aspectos paralela à de outras partes do planeta (o que confirma a hipótese da homogeneidade intelectual dos vários ramos da espécie humana), a pré-história americana apresenta algumas importantes peculiaridades, em geral derivadas das condições naturais e climáticas.

Povoamento do continente
Embora não haja unanimidade a respeito da questão, pesquisas arqueológicas, geológicas, paleontológicas e lingüísticas parecem indicar que o continente americano começou a ser povoado entre 40000 e 20000 a.C., por grupos humanos de raça mongolóide ou pré-mongolóide, procedentes da Ásia oriental.
Esses imigrantes, caçadores e coletores, entraram na América pela zona do estreito de Bering, emersa em conseqüência da diminuição do nível marinho produzida pela última glaciação (Wisconsin ou Würm). Devem ter chegado, em ondas sucessivas, até 10000 a.C., ao lado das possíveis migrações esporádicas pelo Pacífico ou pelo Atlântico (elementos australóides e melanóides), o que explicaria a significativa diversidade etnográfica entre os povos ameríndios.

O paleolítico ou paleoindígena

Na periodização da pré-história americana, cabe identificar inicialmente um paleolítico inferior, localizado em partes distintas do continente e configurado pelo emprego de instrumentos de pedra (principalmente obsidiana) muito toscos e utensílios de osso associados à fauna pleistocênica desaparecida (mastodontes, mamutes, camelídeos, cavalos, bisões).

Embora não estejam datados com precisão satisfatória, os artefatos líticos desse período apresentam certa analogia com os primitivos artefatos de seixos (pebble cultures) do sudeste asiático, o que confirmaria a emigração de povos asiáticos para a América. Esses artefatos -- pedras talhadas com uma só face (choppers) ou duas (bifaces) ou ainda uma espécie de raspadeira -- se caracterizam por serem peças toscas.

Entre 15000 e 14000 a.C., uma nova onda de imigrantes asiáticos viria contribuir para o desenvolvimento cultural dos povos ameríndios. A caça continuou a ser a atividade econômica fundamental, mas os instrumentos de pedra começaram a ser fabricados em tamanho menor e com técnica mais aperfeiçoada de lascamento por pressão. Esse período, correspondente ao paleolítico superior, caracteriza-se pelo aparecimento de pontas de flecha bifaciais e facas de pedra, cujas peculiaridades permitiram estabelecer uma evolução tipológica claramente diferenciada.

Em primeiro lugar encontram-se as pontas Sandía, estudadas principalmente no Novo México, que aparecem associadas a restos de mamute e apresentam um talho num dos lados. Essas pontas, cuja técnica é semelhante à dos utensílios do solutrense europeu, foram substituídas entre 10000 e 9000 a.C. -- coincidindo com o fim da última glaciação e o conseqüente desaparecimento do mamute -- pelo tipo Clóvis, de forma lanceolada e com uma estria central em uma ou nas duas faces, tipo que chegou a difundir-se por todo o continente.

O tipo Folsom, também localizado em toda a América e principalmente nos vales fluviais do sudeste dos Estados Unidos, é de tamanho menor. Caracteriza-se pela forma foliácea, com base côncava e estria central dos dois lados. Assim como as anteriores, essas pontas aparecem associadas na América do Norte com a caça do bisão e, no resto do continente, com a perseguição de outros animais, como cavalos e camelos, posteriormente extintos.

Entre 8000 e 6000 a.C., o tipo Folsom evoluiu, em todo o continente, para formas triangulares sem pedúnculo e, por último, para pontas com pedúnculo que se mantiveram em muitos lugares até a chegada dos europeus.

Deve-se lembrar que, em diversas zonas do continente, por isolamento ou por adaptação ao meio, vários povos se mantiveram num estágio cultural muito primitivo. É o caso dos índios do planalto brasileiro ou das selvas amazônicas, cujas armas eram fabricadas com bambu, espinhos ou madeira. Outros povos desenvolveram formas de vida baseadas na pesca e na caça (fueguinos, esquimós) ou na coleta de moluscos, como atestam os depósitos de conchas (sambaquis) encontrados em diversas zonas litorâneas.

Por último, cabe destacar o desenvolvimento de uma cultura original no oeste dos Estados Unidos e no México, a tradição do deserto, da qual deriva a cultura cochise; esta última, desenvolvida a partir de 6000 a.C., e fundamentada na caça menor e na coleta, apresenta vestígios do paleolítico inferior (artefatos líticos muito toscos).

Revolução neolítica

Em algumas zonas do México, da América Central e dos Andes centrais e setentrionais, começou, entre 5000 e 4000 a.C., um processo de neolitização semelhante ao do Velho Mundo, embora cronologicamente posterior. Caracterizou-se pelo aparecimento seqüencial de várias fases: formas sistemáticas de coleta de vegetais; sedentarização e urbanismo incipiente; cerâmica, cestaria, tecidos e, finalmente, artefatos de pedra do tipo microlítico e adaptados à economia agrícola (almofarizes, mãos de pilão).

A revolução neolítica americana, consolidada entre 3000 a 1500 a.C., caracteriza-se basicamente pelo aproveitamento das espécies vegetais autóctones (milho, batata, abóbora, cacau, mandioca, girassol etc.), para o que se empregavam diversas técnicas agrícolas (irrigação, cultivo em terraços escalonados, fertilização), e pelo pequeno desenvolvimento da criação de gado, já que só era possível a domesticação de alguns animais pouco produtivos, como o cão, a lhama ou a alpaca.

A zona meso-americana (México e América Central) parece ter sido o primeiro núcleo de desenvolvimento da agricultura, segundo mostram as escavações realizadas em Tamaulipas e no vale de Tehuacán (México), onde foi possível estabelecer uma sucessão cronológica a partir do conjunto de utensílios e da evolução e seleção das plantas cultivadas (fases de Coxcatlán, Abejas, Purrón, Coatepec).

Na zona andina (do Equador ao centro do Chile, incluindo parte do Peru e da Bolívia), a evolução foi mais lenta por causa do isolamento entre os vales e entre o litoral e a cordilheira; mas, assim como na área mesoamericana, o desenvolvimento da agricultura e da sociedade urbana constituiu o ponto de partida para o florescimento das grandes culturas e civilizações que se sucederam do segundo milênio antes da era cristã até a conquista espanhola.

Em comparação com o neolítico do Velho Mundo, deve-se assinalar como fato diferenciador o desconhecimento, por parte do homem americano, de algumas importantes invenções e conquistas intelectuais; a roda, o arco e a abóbada (na arquitetura), a metalurgia desenvolvida ou a escrita alfabética foram algumas das mais gritantes carências culturais das grandes civilizações americanas. Mesmo em suas fases de maior progresso, essas civilizações não chegaram a superar a categorização de neolítico avançado, embora, pela complexidade social e pelo nível de conhecimentos em campos como a arquitetura ou a astronomia, se situem fora da pré-história, numa fase cultural conhecida como proto-história.

Além das importantes regiões culturais da Mesoamérica e dos Andes, outras zonas do continente também conheceram certo desenvolvimento de tipo neolítico, em parte como conseqüência da influência das primeiras. Desta forma, a partir de 3000 a.C., desenvolveram-se no sudoeste norte-americano, como continuação da tradição do deserto e da cultura cochise, as culturas hohokan, mogollon e anasazi (pueblo), que substituíram progressivamente a atividade caçadora e coletora por uma economia de tipo agrícola, com cerâmica e construções arquitetônicas. A partir dessa zona, a agricultura se estendeu para o leste, onde se destacam as culturas old copper (nos Grandes Lagos) e Adena (Ohio), conhecedoras de uma metalurgia rústica do cobre, e mais tarde a Hopewell (Illinois), com grandes povoados.

A neolitização se estendeu também pelo continente sul-americano, embora com maior atraso e sempre em associação com a antiga economia caçadora e coletora. Entre outros, destacam-se os povos caraíbas, tupis e guaranis, dos planaltos e planícies do Amazonas e do Orinoco (com grandes ocas comunitárias), além dos araucanos do Chile (norte e centro) e dos pampas norte-ocidentais da Argentina, cuja cultura se beneficiou do contato com a área andina.

Autoria: Celso Eduardo Wassmansdorf

Chegada do Homem na América

A provável maneira de como o homem chegou ao Novo Mundo foi vindo da Sibéria pouco antes de 20.000 a. C., quando o nível do mar baixou e oEstreito de Bering era terra firme. Após milhares de anos caçando e colhendo plantas silvestres como seminômades, índios em terras andinas na América Central experimentaram a agricultura (7000 a. C.).

Este estágio de desenvolvimento foi o ponto de partida para que comunidades fossem desfragmentadas, dando origens a novas tribos nos mais diversos locais da América.

Alguns povos que se concentravam principalmente nos atuais países do México e Peru, alcançaram o civilização com o surgimento de Estados, populações de dezenas de milhares, hierarquia de classes sociais, organização pública de serviços, clero profissional e especialistas de todos os trabalhos, desde manufatura até comércio, administração e governo.

Quanto as tribos que se encontravam em áreas desérticas, frias e regiões que não estimulavam o extrativismo e, posteriormente, a agricultura, praticavam a caça e tímida coleta dos escassos recursos naturais como maneira de sobrevivência.

No ambiente de agricultura limitada da Floresta Amazônica, nasceu uma frágil civilização em povoamentos densamente habitados nas margens de rios, alimentando-se de peixes, tartarugas e do cultivo da mandioca brava. Essas tribos habitavam, em sua maioria, o território atualmente nacional.

As tribos brasileiras



Existem estimativas de que a população indígena no Brasil até a chegada dos portugueses era de mais de um milhão de nativos, distribuídos em diversos grupos, como veremos a seguir.

Um dos mais importantes grupos indígenas era o dos tupinambás, de tronco de língua tupi, habitavam olitoral, da Bahia ao Rio de Janeiro, e que mais tarde migraram para o norte. A guerra era a atividade mais importante dos tupinambás, que a exerciam constantemente contra outros grupos indígenas e, posteriormente, contra os portugueses. Praticavam o canibalismo como um ritual, pois acreditavam que se comessem a carne de uma valente guerreiro adquiririam suas qualidades.

Outro importante grupo era o dos tupiniquins, também pertencente ao ramo dos indígenas de fala tupi. Também habitavam o litoral da Bahia e parte do Espírito Santo.

Os tamoios, também do grupo tupi, eram inimigos dos tupiniquins.

Existiam vários outros pequenos grupos, como carajás, caetés etc. Atualmente calcula-se que todas essas tribos estão reduzidas a cerca de 100 ou 200 mil nativos no máximo.

Por: José Ferreira



A América Pré Colombiana


Os Olmecas

A cultura olmeca, que se originou na costa sul do Golfo do México (La Venta,
San Lorenzo, Tenochtitlán, Três Zapotes), é considerada a primeira cultura elaborada da Mesoamérica, e matriz de todas as culturas posteriores dessa área.
Quem foram os olmecas? A sua antigüidade remonta á époci em que na Europa, depois de invadirem Creta, os aqueus se preparavam para conquistar Tróia.
Portanto, por volta do século XIII a.C., surgiu na América a primeira civilização,
Que durou até cerca do ano 100 a.C.. As características marcantes do Império Olmeca, que se estendeu desde o México Ocidental até, talvez, a Costa Rica - foram a escultura monumental (colossais cabeças de pedra) e a presença de centros cívicos religiosos a que se subordinavam áreas periféricas (satélites).
Tem razão o historiador mexicano Ignacio Bernal em declarar que "para nós,
americanos, ainda é melhor conhecida a vida de Roma que a de Tenochtitlán ou de Cuzco". Embora já se conheça razoavelmente bem a vida econômica e sócio-política dos astecas e incas, a mesmo não acontece com relação aos olmecas. Recentes pesquisas arqueológicas, realizadas em San Lorenzo, um dos principais centros Olmecas e, provavelmente, o primeiro centro civilizada da Mesoamérica, nos dão conta da existência de colinas artificiais, com desaguamentos subterrâneos que funcionariam como sistemas para controle da água. A costa meridional do Golfo do México é uma área pantanosa, irrigada por numerosos rios. Nesse ambiente tropical, os olmecas cultivaram milho, feijão e abóbora, complementando a subsistência com os produtos obtidos através da caça e da pesca.





Além de talhar monumentos gigantescos, feitos de pedra, os olmecas também
destacaram-se no artesanato de jade. Nem pedra, nem jade existiam no litoral da
Golfo. Os olmecas iam buscar essas matérias-primas em regiões distantes. Como
não conheciam a roda, nem possuíam animais de carga, a pedra era transportada
em balsas, por via fluvial. A procura do jade deve ter servido como estimulo ao
comércio, que se fazia através de numerosas rotas. Acredita-se que a notável influência olmeca na Mesoamérica seja devida á extensão desse comércio.
A organização social dos olmecas era bastante desenvolvida. A população,
espalhada pelo Império, dividia-se entre urna minoria (sacerdotes, artífices de elite), que habitava os centros cerimoniais, e a maioria do povo - camponeses - que vivia nas aldeias.
Nos centros cerimoniais, como o de La Venta, havia altos cômoros, em for.
ma de pirâmide truncada, construídos sobre grandes plataformas de terra, organizadas ao redor de plazas, segundo um plano sistemático. Esses montículos de argila eram rodeados de enormes fossas, onde foram encontradas máscaras religiosas profundamente enterradas. Ao que parece, os cômoros tinham funções primordialmente funerárias

É de se supor a existência de Chefias ou Estados incipientes (como em Três
Zapotes), devido á necessidade de supervisão e planejamento, além de recruta-
mento de numerosa mão-de-obra, para a construção das pirâmides, plataformas
e aterros.





O valor dominante do religioso caracterizou a Arte olmeca. A escultura era
bastante desenvolvida: monumentais cabeças de pedra, com rosto redondo, lábios
grossos e nariz achatado; estatuetas com formas humanas; e outras apresentando
uma mistura de traças humanos e felinos (aguar). Todas caracterizavam-se pela
boca retorcida - típica da Arte olmeca. São freqüentes as representações do jaguar, a principal divindade, sendo que o homem-jaguar representaria, provável.
mente, o deus da chuva. Quanto a pintura, dela encontraram-se poucas exemplares, em locais distantes.
Sabe-se que tinham conhecimentos de Astronomia - basta observar-se o traçado das suas cidades, obedecendo aos pontos cardeais (como La Venta) - e um
calendário, pois foram encontrados, em alguns monumentos, registros de datas
muito antigas. Também conheciam a escrita e possuíam sistemas matemáticos.
Muitos traços e tradições dos olmecas sobreviveram entre as diversas culturas
que os sucederam, como é o caso das culturas dos maias e astecas.

Os Maias

Os maias - que ocuparam as planícies da Península do Iucatâ, quase toda
a Guatemala, a parte ocidental de Honduras e algumas regiões limítrofes - constituíam povos que falavam línguas aparentadas, e elaboraram uma das mais complexas e influentes culturas da América. Alguns historiadores, para quem a Europa é o centro do mundo, chegaram a comparar os maias aos gregos, em termos de importância cultural.
Estes Gregos do Novo Mundo possuíam uma economia agrícola baseada na
produção do milho, considerado alimento sagrado, pois dele se teria originado o
homem, segundo a mitologia maia. A terra era cultivada coletivamente. obrigando-
se os camponeses ao pagamento do imposto coletivo. A caça e a pesca eram atividades complementares, sendo desconhecida a pecuária.




A organização social dos maias ainda é, em grande parte, desconhecida. Entretanto, através do estudo da Arte maia, sobretudo de sua Pintura, pode-se caracterizar essa civilização como uma sociedade de classes. Uma elite (militares e sacerdotes) constituía a classe dominante, de caráter hereditário, que habitam as numerosas centros cerimoniais, circundados pelas aldeias onde vivia a numerosa mão-de-obra composta por camponeses submetidos ao regime da servidão coletiva. Os centros maias não eram apenas o lugar da administração e do culto, mas também exerciam funções comercias: trocas de produtos cultivados e de artigos do artesanato, objetos de ouro e cobre, tecidos de algodão, cerâmica), sendo muito importante o ofício de mercador. Havia ainda os escravos, cujas figuras apareciam em numerosos monumentos do Antigo Império Maia. "Estas figuras de cativos certamente são uma representação dos prisioneiros de guerra reduzidos á escravidão, ainda que possam representar também as pessoas de todo um povoado ou aldeia, coletivamente, melhor do que a um indivíduo em especial, as vezes, os rostos dos prisioneiros são diferentes dos das principais figuras, diferença que possivelmente indica que os senhores pertenciam a uma classe hereditária especial."




Politicamente, acredita-se que o governo maia fosse uma teocracia, exercida
peio Halach Uinic, de caráter hereditário, incumbido da política interna e externa,
e do recolhimento do imposto coletivo das aldeias. Uma espécie de Conselho assessorava esse governante. As chefias das aldeias eram exercidas pelos Batab, com jurisdição local e submetido ao supremo governante, como, aliás, todos os habitantes das aldeias e os funcionários reais. Estas chefias locais poderiam ser constituídas pelas antigas aristocracias tribais, cooptadas pelo Estado para melhor afirmar sua autoridade sobre as aldeias. Havia ainda os Nacom, chefes militares eleitos por um período de três anos, que intervinham nos assuntos da guerra, organizando o exército; e funcionários menos categorizados, os Tupiles, que zelavam pela ordem pública.
Os maias na verdade, nunca chegaram a constituir um Império: cada cidade.
com suas respectivas aldeias, formava um Estado independente: Palenque, Copán, Tical e outras.
Do ponto de vista religioso, os maias acreditavam que o destino do homem era
controlado pelos deuses, e, assim, toda sua produção cultural foi nitidamente influenciada pela religião. A arquitetura era sobretudo religiosa. Utilizando principalmente pedra e terra como materiais, e trabalho forçado da numerosa mão-de-obra camponesa, construíram-se templos, de forma retangular, sobre pirâmides truncadas, com escadarias, e estendendo-se ao redor de praças. Também se edificaram palácios, provavelmente para residência dos sacerdotes, em que os interiores , geralmente longos e estreitos, eram cobertos por uma falsa abóbada, característica desse tipo de edificação. Todas as dependências revestiam-se de elaborada decoração - esculturas, pinturas murais, geralmente representando cenas guerreiras ou cerimoniais (altos dignitários sendo homenageados ou servidos por súditos). A escultura em terracota foi outro exemplo notável da Arte maia, enquanto a Pintura, utilizando cores vivas e intensas, atingiu alto grau de perfeição.




A preocupação religiosa também estava presente nas realizações das maias
no campo do registro do tempo. "Uma das grandes realizações devidas aos sacerdotes foi o calendário da América Central. Todas as religiões se interessam pela determinação do tempo. Elas ligam o ciclo vital da indivíduo aos atos rituais que revivem periodicamente na sociedade e sincronizam este tempo social com a marcha do tempo.
O calendário cíclico, que abrangia um período de 52 anos, era um sistema complexo de contagem do tempo, agrupando três ciclos, com número diferente de dias e com múltiplas combinações. Esse calendário orientava as atividades humanas e pressagiavam as vontades dos deuses. Os maias fizeram notáveis progressos na Astronomia. (eclipses solares, movimento dos planetas). Também adquiriram avançadas noções de Matemático, como um símbolo para o zero e o principio do valor relativo.
Embora não esteja ainda de todo decifrada, já se sabe que a escrita maia, considerada sagrada, não se baseava em um alfabeto: havia sinais pictográficos e símbolos apresentando sílabas, ou combinações de sons.
No que restou da produção literária, sobressai o Popol Vuh, livro sagrado dos
maias, que contém numerosas lendas e é considerado um dos mais valiosos exemplos de Literatura indígena.
Por volta do ano 900, o Antigo Império Maia sofreu um declínio de população,
e teria iniciado um processo erroneamente confundido com decadência. Alguns
estudiosos atribuem o abandono dos centros maias à guerra, insurreição, revolta
social, invasões bárbaras etc. De fato, os grandes centros foram abandonados, porém não de súbito. As hipóteses mais prováveis apontam para uma exploração intensiva de meios de subsistência inadequados, provocando a exaustão do solo e a deficiência alimentar.
A cultura maia posterior, fundindo-se com a dos Toltecas, prolongou-se no
Novo Império Maia até a conquista definitiva pelos espanhóis.


Texto retirado de HISTÓRIA DAS SOCIEDADES AMERICANAS
Aquino, Jesus e Oscar
Editora Ao Livro Técnico

Esse mapa prova que chineses descobriram a América antes de Colombo?


O controverso historiador Gavin Menzies está afirmando que este mapa de 1418 mostra que o Novo Mundo foi descoberto pelo Almirante chinês Zheng He, cerca de 70 anos antes de Colombo. Será?



Menzies acaba de publicar um livro intitulado Who Discovered America (Quem descobriu a América, traduzindo do inglês) em que ele estabelece essas e outras reivindicações notáveis ​​- incluindo a sugestão de que marinheiros chineses foram os primeiros a cruzar o Oceano Pacífico mais de 40 mil anos atrás. É o mais recente de uma série de livros em que ele sugere a teoria bastante estranha de que os chineses descobriram a América.

Em seu novo livro, Menzies faz sua reivindicação por um mapa encontrado em uma livraria de segunda mão pelo advogado Liu Gang, em Pequim.

O documento, segundo ele, é uma cópia do mapa de 1417 do almirante Zheng He. O Sr. Menzies argumenta que ele mostra claramente os rios e as costas da América do Norte, bem como o continente da América do Sul.

Afirmação do Sr. Menzie sobre a viagem de Zheng He ao Novo Mundo não é nova – ele escreveu pela primeira vez sobre o assunto em 2002 -, mas o mapa é.

Liu tinha o mapa autenticado por um avaliador de leilões Christie, que disse que o documento era “muito velho” e não uma farsa recém-fabricada. Segundo ele, o documento foi originalmente escrito na dinastia Ming – um período que durou entre 1368 e 1644.

Ele também afirma ter um mapa que mostra os nomes das cidades peruanas específicas.
No entanto, segundo o historiador Geoff Wade, o mapa só foi produzido séculos mais tarde, na Europa.
É um mapa de dois hemisférios, uma tradição cartográfica exclusivamente europeia. A Califórnia é representada como uma ilha, copiada diretamente de mapas europeus do século 17, e a China é colocada no centro do mapa.

A quantidade de detalhes não-costeiros (incluindo sistemas fluviais que se estendem a milhares de quilômetros da costa) indicam que estes mapas não poderiam ter sido produzidos por navegantes marítimos. A informação contida nos mapas foi, obviamente, acumulada ao longo do tempo por culturas que tinham viajado muito. Ele se encaixa perfeitamente dentro da história da cartografia européia, mas é uma completa anomalia para a cartografia chinesa.

Os Himalaias estão marcados como as montanhas mais altas do mundo. Este fato só foi descoberto no século 19.

É importante notar, entretanto, que povos nativos de ilhas do Pacífico podem ter chegado à América do Sul antes de Colombo – uma análise genética recente de uma tribo indígena brasileira chamada Botocudo revelou traços de DNA polinésio.

7 cidades em ruínas que ainda são um mistério



O mundo está cheio de cidades em ruínas, mas algumas são muito misteriosas e assombram nossa imaginação. Mesmo que saibamos quem as construiu, certos aspectos da cidade podem simplesmente desafiar a nossa compreensão na idade moderna. Aqui estão sete cidades antigas que nunca poderemos entender plenamente.

Çatalhöyük, Turquia



Em 7500 aC, esta cidade na região da Mesopotâmia (atual Turquia), abrigava milhares de pessoas e é considerada por muitos como um dos primeiros assentamentos urbanos do mundo. Mas a cultura das pessoas aqui era diferente de tudo que conhecemos hoje. Primeiramente, eles construíram a cidade como um favo de mel, com casas compartilhando paredes. Casas e prédios eram acessados ​​por portas cortadas em telhados. As pessoas caminhavam nas ruas através destes telhados, e desciam as escadas para chegar a seus aposentos. Entradas eram muitas vezes marcadas com chifres de touros, e os membros da família mortos eram enterrados no chão de cada casa. Não está claro o que aconteceu com a cultura do povo que viveu nesta cidade. Seu estilo arquitetônico parece ser único.

Palenque, México



Como uma das maiores e mais bem preservadas cidades-estado maia, Palenque é o centro do mistério de toda a civilização maia – que se ergueu, dominou partes do México, Guatemala, Belize e Honduras, e em seguida, desapareceu sem muitas explicações. Embora descendentes dos maias ainda estejam prosperando no México e na América Central, ninguém tem certeza por que as grandes cidades maias ficaram em ruínas e foram abandonadas por volta de 1400. Palenque estava em seu auge durante o período clássico da civilização maia, dentre os anos de 700-1100. Como muitas cidades maias, Palenque tinha templos, palácios e mercados. Mas a cidade, localizada perto do que hoje é conhecido como a região de Chiapas, tem algumas das esculturas mais detalhadas e inscrições da civilização maia, oferecendo importantes informações históricas sobre reis, batalhas e a vida cotidiana da civilização. Teorias para explicar por que essa e outras cidades maias foram abandonadas incluem a guerra, a fome e a mudança climática.

Cahokia, EUA



Localizada lado do rio Mississippi no que é hoje St. Louis, Cahokia foi por centenas de anos a maior cidade da América do Norte. Os seus habitantes construíram enormes montes de terra – alguns dos quais você ainda pode visitar hoje – e grandes praças que serviram de mercados e locais de encontro. Há fortes evidências de que os habitantes tinham práticas agrícolas muito sofisticadas, e que eles desviaram afluentes do Mississippi várias vezes para regar seus campos. Tal como os maias, o povo de Cahokia estava no seu auge civilizacional entre 600-1400. Ninguém sabe ao certo porque a cidade foi abandonada, nem como a região era capaz de sustentar uma civilização urbana de alta densidade (até 40 mil pessoas) por centenas de anos.

Derinkuyu, Turquia



Derinkuyu é uma enorme e antiga cidade subterrânea que remonta ao Império Bizantino. Não se sabe quando a cidade foi construída – algumas fontes dizem que no 7º século aC -, mas não teria atingido seu maior tamanho até o período entre 500-1000 dC, quando ela tinha cinco andares de profundidade, com espaço para 20 mil pessoas, além de pecuária, cozinhas, uma igreja, e uma instalação de vinificação. Os moradores cavaram túneis e salas sob suas casas, sob a areia vulcânica da região central turca da Capadócia. Uma civilização subterrânea inteira foi prosperando aqui durante a Idade Média.

Durante séculos, as pessoas fugiram para a área para encontrar um refúgio seguro contra os anti-cristãos, bandidos e, mais tarde, muçulmanos. Eventualmente, eixos longos foram escavados para conectar Derinkuyu com outras cidades subterrâneas na área. A cidade foi selada em algum momento após o século 10, e só foi reaberta ao público em 1969.

Pompeia, Itália



Há amplos registros históricos que documentam a cidade romana de Pompeia, que foi enterrada em cinzas após a erupção catastrófica do Monte Vesúvio, em 79 dC. Sabemos que a cidade foi parcialmente destruída por um terremoto anos antes de o vulcão entrar em erupção, e que muitas de suas maiores casas já foram abandonadas antes da explosão final, que apagou a cidade para sempre. Nós até sabemos, a partir de registros históricos, que o Vesúvio começou a soltar cinzas e causar tremores nos dias que antecederam a erupção fatal. Então, qual é o mistério?

Como Pompeia foi perfeitamente preservada na configuração exata que tinha em 79 dC, existem centenas de detalhes históricos que são totalmente estranhos para os olhos contemporâneos – incluindo estranhas estátuas decorativas, grafite, artes inexplicáveis, e condições de vida que são diferentes de qualquer coisa que você vê em uma cidade moderna. Uma coisa é ler relatos históricos da Roma Antiga, e outra coisa é andar pelas ruas de uma cidade romana inalterada desde o auge do Império. Os mistérios da vida cotidiana são muitas vezes maiores do que os mistérios de como a civilização entrou em colapso.

Thonis, Egito



No oitavo século aC, a cidade lendária foi a porta de entrada para o Egito, uma cidade portuária que estava cheia de monumentos incríveis, comerciantes ricos, e grandes edifícios. Agora ela está totalmente submersa no Mar Mediterrâneo. Thonis começou o seu lento declínio após a ascensão de Alexandria. Mas, eventualmente, a cidade foi engolida pelo mar, que já foi a fonte de sua riqueza. Ninguém sabe ao certo como isso aconteceu, mas pelo oitavo século dC, a cidade desapareceu. Ela pode ter sido vítima da liquefação após um terremoto.

Machu Picchu, Peru




Muitas coisas permanecem misteriosas sobre o Império Inca, que dominou partes das regiões hoje conhecidas como Peru, Chile, Equador, Bolívia e Argentina por centenas de anos antes de os espanhóis invadirem, destruírem as suas cidades, e queimarem suas bibliotecas de registros quipu (a linguagem Inca).

Embora saibamos muito sobre a tecnologia Inca, arquitetura e agricultura avançada – que estão em evidência na grande cidade inca Machu Picchu – nós ainda não podemos ler o que sobrou das tapeçarias que contêm seus registros escritos. E nós não entendemos como eles ergueram um vasto império sem nunca ter construído um único mercado. É isso mesmo – Machu Picchu e outras cidades incas não tinham comércio. Esta é uma diferença gritante da maioria das outras cidades antigas, que muitas vezes são construídas em torno de praças centrais e mercados. Como é que uma civilização tão bem sucedida existiu sem uma economia reconhecível?

Arqueólogos encontram ruínas de lendária cidade em Honduras


Novas imagens de uma possível cidade perdida escondida por florestas tropicais hondurenhas mostram como poderiam ser as fundações dos edifícios e montes de Ciudad Blanca, uma lendária metrópole nunca confirmada.



Arqueólogos e os cineastas Steven Elkins e Bill Benenson anunciaram no ano passado que haviam descoberto possíveis ruínas na região de Mosquitia, em Honduras, com aviões que voam baixo enviando pulsos de laser para o chão conforme sobrevoam a floresta tropical, através de uma técnica conhecia como LIDAR (light detection and ranging).
O que os arqueólogos encontraram – e o que as novas imagens revelam – são características do que podem ser ruínas antigas, incluindo canais, estradas, fundações e terras agrícolas com terraço.

Ciudad Blanca, ou “A Cidade Branca”, tem sido uma lenda desde os tempos dos conquistadores, que acreditavam que as florestas tropicais em Mosquitia escondiam uma metrópole cheia de ouro. Ao longo do século passado, os arqueólogos documentaram montes e outros sinais de uma antiga civilização na região de Mosquitias, mas a cidade lendária não havia sido descoberta.
Não se sabe se as novas imagens são da mesma cidade que os conquistadores tanto procuraram séculos atrás. Os arqueólogos pretendem investigar as características misteriosas vistos nas novas imagens em solo. [LiveScience]

As 4 maiores civilizações antigas da América


As civilizações olmecas, maias, incas e astecas foram algumas das maiores civilizações antigas da história, e ainda sabemos muito pouco sobre elas. Em suma, os maias surgiram primeiro, e se estabeleceram no México atual. Em seguida vieram os olmecas, que também se estabeleceram no México. Eles não construíram nenhuma das grandes cidades, mas prosperaram bastante. Eles foram seguidos pelos incas, no atual Peru e, finalmente, pelos astecas, também no México.

Maias
            
            


Os maias foram a primeira civilização mesoamericana, surgindo por volta de 2.600 aC. Foram os povos antigos que perduraram por mais tempo, e são muitas vezes vistos como a maior civilização mesoamericana. Eles construíram a maioria de suas grandes cidades entre 250 dC e 900 dC. Os maias deixaram para trás um grande e próspero legado em partes do México, Guatemala, El Salvador, Belize e Honduras. Eles eram governados por reis e sacerdotes e não foram exterminados como algumas das outras culturas, mas aos poucos foram se dissipando. Acredita-se que tiveram uma influência cultural dos olmecas, mas essa relação permanece obscura.

Olmecas




Assim, os olmecas representaram a primeira grande cultura mesoamericana, apesar de serem mais jovens do que os maias. Os olmecas estabeleceram-se por volta de 1.400 aC e perduraram por cerca de 1.000 anos, ocupando uma quantidade razoavelmente grande de terra. Eles eram bons agricultores, artistas, matemáticos e astrônomos. Eles escreviam em hieróglifos, assim como a maioria das culturas que os seguiram. Eles nunca construíram quaisquer grandes cidades que conhecemos, mas ergueram alguns famosos monumentos como a Grande Pirâmide, cabeças gigantes e praças.

Incas



Eles viviam nas montanhas do Peru, longe dos olmecas, maias e astecas. No auge de seu poder, a civilização se estendeu por 4.000 quilômetros, incluindo 16 milhões de pessoas. Eles eram extremamente avançados e tinham um exército, leis, estradas, pontes, túneis, e um complexo sistema de irrigação muito à frente de seu tempo. No entanto, eles nunca inventaram um sistema de escrita, tampouco uma economia. Machu Picchu era a principal cidade, e até hoje atrai milhares de turistas por ano. Uma guerra civil tornou o Império Inca uma isca fácil para os espanhóis, que invadiram o Império e derrotaram os incas em 1533. [O maior mistério do Império Inca era sua estranha economia]

Astecas


Os astecas fundaram sua maior cidade, Tenochtitlán, no ano 1325, ou seja, eles eram muito mais jovens do que as outras civilizações. Tenochtitlan foi construída em uma ilha em um lago mexicano chamado Texcoco. Eles gradualmente conquistaram o restante da área, até que caíram em 1521 nas mãos dos invasores espanhóis. Embora não fossem tão avançados quanto os Incas, eles tinham um calendário de 365 dias e usavam hieróglifos. [KnowledgeNuts]